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sábado, fevereiro 24, 2007

Hoje e como é fim de semana vai um conto meu





O sol já ia alto. As searas fumegavam com o aumentar do calor, que ia secando a humidade deixada pela noite, sobre as espigas daquele arrozal imenso. Ao longe, uma cegonha chamava pelo macho, levantando o seu longo pescoço. Do bico em forma de trombeta saía um canto estranho!
Quase sem roupa, Raul encontrava-se deitado na terra fria e cantava alto.
Não tardou e o desejo aconteceu!
A Lurdes apareceu sorrindo.
Ouvia-o desde que saiu de casa. E ainda eram umas dezenas de metros, até ao talhão da ribeira, como era designada aquela extensão de arrozal.
─ Olá Raul, bom dia!
─ Olá Lurdes! Como sabias que eu estava aqui?
─ Não foi difícil… O meu pai já não te podia ouvir, disse-me para eu te vir mandar calar…
─ Ah!… Foi?! E que mal tem? Já não se pode cantar?
─ Podes, podes… Mas não tens que acordar a vizinhança toda…
─ Está bem, já me calei. Agora, que estás aqui, posso contar-te um segredo?
─ Hum… Acho que sim… Mas não penses que eu desta vez me vou meter em aventuras! Da última vez que tu me contaste um segredo, quase morria por tua culpa, lembras-te? Se meus pais soubessem, não me deixavam sequer, falar contigo…
─ Olha que o que eu ontem à noite vi da janela do meu quarto, deve interessar-te…
─ Ah, sim? Então, conta lá… Mas não vou contigo averiguar seja o que for! Entendido?
─ Ah, ah, ah! Eu sabia que ias dizer isso! Tu és medricas e por isso vou ter de ir sozinho. No entanto, pode ser perigoso, daí ter achado por bem contar-te.
─ Deixa-te de conversas… Já estou curiosa. Além disso, sabes bem que não sou medricas nenhuma, já te provei que sou Maria-rapaz.
─ Está bem, está bem… Olha, ontem à noite, quando estava no meu quarto ouvi um grito, apaguei a luz e fui muito sorrateiro à janela. Espreitei e não vi nada. Fiquei ali a vigiar… Estive cerca de meia hora às escuras, pois estava com receio que reparassem e me vissem a espiar. Por precaução, coloquei o meu guarda-chuva preto, aberto na minha frente. Tu sabes que ele tem um buraquinho no pano… Bem, foi muito fixe… Sei que não me viram e saíram do esconderijo.
─ Ai! Já estou assustada! Saíram, quem?
─ Tem calma! Não conseguia ver-lhes os rostos, porque estava muito escuro. Eram dois vultos e cada um tinha uma candeia…
─ Uma candeia?! És parvo ou quê? Quem é que ainda usa candeias nesta época?! Andas a ver muitos filmes!
─ Pronto… Não eram candeias… Eram lanternas. Mas, que importa? O que sei, é que eram quase três da manhã e alguém se foi esconder para o meio do arrozal!
A Lurdes com os seus nove anos nem é uma menina muito forte de corpo, mas de espírito ninguém a bate. Tem uma genica dos diabos e já sabia, que o que o Raul lhe contara, precisava de ser investigado… Realmente, àquelas horas, não faz muito sentido, andar alguém pelos arrozais de lanterna na mão.
O Raul era mais velho que a amiga apenas um ano, mas, de certa forma já se encaminhava para a adolescência, apresentando penugem nas pernas, nos braços e também um ligeiro buço. Viveu sempre no campo e está habituado a andar descalço. É mais rápido nos terrenos enlameados dos arrozais, que qualquer rapaz da idade dele, a correr em pista coberta. O que o faz ter uma autoconfiança nas aventuras, que por vezes inventa. Ele sabe que em caso de perigo, o arrozal é sempre um óptimo refugio… Aí, ninguém o apanha.
─ O que te parece? ─ indaga ele.
─ Bem… Posso ir a casa vestir umas calças?
─ Claro! Olha… Traz também a máquina fotográfica… Nunca se sabe…


Aceito sugestões do que o Raul e a Lurdes vão encontrar lá no meio do arrozal!!!

10 comentários:

th disse...

Ora meu caro Alexandre aqui estou eu a agradecer a tua visita à Sebenta e, curiosa, vim espreitar o teu blog.
Já agora sempre te digo que a minha avó Laura Laurentina era uma mulher de fibra, como aliás são as mulheres da minha família.
Morreu no ano em que nasceste, era parteira, daí ter assistido ao meu nascimento.
Já coloquei o teu blog nos meus favoritos, virei cá de vez enquando.
Um grande abraço, th

Leonor disse...

ola alexandre
de vez em quando la nos cruzamos aqui no sitio.
deverias ter sido meu aluno? nao digas isso. gosto muito dos teus contos e do modo coloquial como o fazes. acredita que nao é um dom para todos. eu sei porque corrijo muitos textos dos meus miudos. nao estou a dizer que escreves como os miudos mas tens uma maneira simples que prende o leitor.
porque me contas estas coisas? as outras? sinto-me orgulhosa de tal merecer.
abraço da leonoreta

Anónimo disse...

Vim aqui parar, e com surpresa vi um blogue interessante e de bom-gosto, com um texto intenso, a merecer mais e frequentes visitas. Parabéns. Óptimo fim-de-semana.

por uma lágrima disse...

:))
Tornou-se um hábito... um bom hábito.
Quando estou menos bem, venho à tua casa, ao teu cantinho... e aquele sorriso reaparece.
Pois!... é de uma tranquilidade tal, que me faz sonhar; de uma beleza tão pura que me transporta aos tais arrozais.
Obrigada Alexandre
Beijinho com ternura

Anónimo disse...

Humm... uma sugestão?:))
Talvez encontrem por lá o primeiro beijo...talvez, ainda só no rosto , de uma forma ainda inocente...?!

Anónimo disse...

Uma narrativa em aberto para deixar ao dispor o leitor a sua conclusão.

Gostei deste espaço,será mais um a visitar se me o permitir...

Beijinhos Zita

Maria Carvalho disse...

Gostei deste conto inacabado...a minha imaginação não me permite descobrir nada. Beijos meus.

Anónimo disse...

Olá Alexandre meu querido amigo! Deixas-te-me de lágrima no olho e com um sorriso nos lábios com o teu comentário. Vou experimentar os sinais de fumo quem sabe ñ consigas ver a minha mensagem. Lindo este conto. Se me permites no meio do arrozal poderão encontrar que os laços de amizade que os ligam serão indestrutíveis e que para além da diferença de sexo os une uma alma simples e empreendedora que os levará pela vida fora de mãos dadas a conhecerem os seus amores, a fzerem as suas vidas, a terem os seus filhos, mas a serem sempre a Luredes e o Raúl que corriam no arrozal amgigos eternos e devotados a sê-lo até que a morte os leve para continuarem essa amizade pela eternidade fora. Deixo um beijo amigo e eterno. Bom rest de semana AMIGO!

Carla & Elton disse...

Olá Raio de Sol
Lindo, tão lindo como tu, só tu mesmo para escrevers de uma maneira tão magnífica que qualquer pessoa que leia estas tuas palavras sinta que esta a viver o conto.
Adoro tudo o que escreves, continua ...
Muitos beijinhos

augustoM disse...

Penso que arroz é que não foi. Se o arruzal for para as bandas de Alcarcer do Sal, olha que não é mentira, mas podiam ser lagostins.
Um abraço. Augusto

Menina bonita